terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Embriague-se



É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão.
Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão,
é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Mas embriague-se. E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso,na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida,
pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão:
"É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira."           

                                                                                Charles Baudelaire

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